No livro “Hilton Campos – História Vivida – História Contada”, alguns personagens importantes do tempo dos pioneiros em Castanheira são destacados, entre eles Zilda Stangherlin e o Sr. Jorge Marcantonio e sua esposa, professora Maria Odete.
Na página 331 da obra, lançada em 2022, um episódio da vida do casal Jorge e Maria Odete ilustra o espírito dos pioneiros, que chegaram na região, em busca de oportunidades, enfrentando os limites da época, um deles as viagens longas e uma situação que lembra a saga bíblica de Abraão: ir para onde não sabiam o que encontrariam.
Jorge Marcantonio, paranaense de Rancho Alegre, próximo a Londrina, destaca que sempre alimentou o desejo de comprar uma terra em Mato Grosso. Ao conhecer a região noroeste, em 1980, numa viagem a três, de fusquinha, depois de ver os valores de terra estabelecidos pela CODEMAT, “voltou ao Paraná determinado a voltar”.
Depois de pedir exoneração de um cargo público, do qual era concursado, sua primeira referência foi uma área de 52 alqueires, dividida com um amigo, onde construíram duas meia-casas, segundo ele, porque o dinheiro era pouco.
Como a terra ficava a 50 quilômetros de Juína, resolveu vender, numa decisão que questiona, pois mais tarde veio saber que era um dos melhores lotes de diamante naquele município. “Vendi uma mina de diamante sem saber”, relata ele.
Na procura de serviço, chegou a CODEMAT, onde conversou Dr. Hilton, dizendo que tinha trabalhado no Instituto Brasileiro de Defesa Florestal (IBDF), no Paraná. Essa prosa mudaria sua vida, pois foi informado que a empresa, responsável pelo avanço da AR-1, rodovia projetada para ligar Vilhena a Colniza, queria abrir um Escritório em Castanheira.
É neste momento da história que acontece um diálogo que será lembrado eternamente, pois depois de ouvir de Hilton Campos que iria representa-lo em Castanheira, observar que nem sabia o que ele fazia e perguntar o que faria, obteve uma resposta curta e objetiva: Tudo!
Em seu livro, Hilton Campos registra que foi neste momento que Jorge Marcantonio olhou para a mulher, Maria Odete, e perguntou: “Topa ir pra Castanheira?”. E ela respondeu: “Uai, seu já andei 2.300 quilômetros atrás de meu marido, agora mais 40... vamos lá”.
